terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Sociedade de mortos vivos




A área de saúde funciona de maneira precária no Brasil, a economia rica com a população mais pobre do planeta. Nem os médicos mais experientes perdem tempo tentando enganar os pacientes: "Só fazemos cirurgias em último caso".

 - O que o senhor quer dizer com "último caso"?

 - Estou querendo dizer que só fazemos cirurgia se a pessoa estiver morrendo.

Essa resposta explica parte da decadência pela qual passa a área da saúde.

Funciona mais ou menos assim:

Uma pessoa que tem câncer, mas não tem condições financeiras para tratamento, recebe várias respostas inconvenientes de seu médico.

Câncer não tem cura, úlcera não tem cura, pneumonia não tem cura, etc., também é avisado que só será operado em último caso. Acontece que o câncer não espera.

Um homem rico como nosso ex vice-presidente José Alencar, poderia ser operado dezenas de vezes, mas uma pessoa muito pobre ouviria um triste comentário: "Ele é muito idoso, está fraco demais para operar."

Enquanto os hospitais procuram desesperadamente doadores de órgãos para operarem pessoas ricas, os pobres não tem dinheiro sequer para tratar de uma simples gripe.

É interessante como as TVs não mostram os ricos que recebem as doações, mesmo que esses ricos não queiram receber tais doações, como foi o caso do Mussum.

Mussum deixou bem claro: "Eu já vivi muito e já recebi tudo o que Deus poderia me dar, agora só quero descansar."

Mussum era bem humorado e ficou muito magoado depois da rejeição do transplante de coração, ele sempre fora contra o transplante.

É muito importante para o governo, mostrar um mendigo famoso, um pobre fazendo transplante.  A realidade da fila de órgãos não importa, assim como a fila de pessoas que morrem nas filas dos hospitais.

Alguns jornalistas quebram o silêncio e denunciam o roubo e a compra e venda de bebês, que acontecia muito nos anos 60 e 70, geralmente para suprir a falta de órgãos para os ricos. Haviam muitos envolvidos nessas histórias, inclusive os grandes hospitais para ricos.

Depois que uma denúncia "vaza", todos passam a veicular essas informações, como se isso fosse algo incomum. Na realidade, todos estão se beneficiando disso e os pobres, que são maioria, não doam, simplesmente porque sequer sabem o que é precisar de um órgão para transplante, suas filas não chega até esse nível de atendimento.

Nós temos parte dessa culpa, afinal, não podemos fingir que a TV não influi nessa decadência. Nossa culpa pode ser medida pela audiência de TVs, como a Rede Globo, responsável pelo monopólio da informação no governo militar, ou por programas como Sílvio Santos, grupo que conseguiu um façanha inédita, o maior roubo jamais registrado na história dos escândalos políticos mundiais.

O escândalo do Grupo Sílvio Santos foi abafado, talvez porque haviam muitas pessoas envolvidas em acordões obscuros. Já no caso do escândalo de Daniel Dantas, houve uma simulação de justiça, para acalmar os ânimos, depois voltou tudo ao anormal.

É por isso que vivemos numa sociedade de mortos vivos, porque depois que uma pessoa morre, há mais dinheiro para roubar. Foi isso o que aconteceu com a AIDS mas, de alguma maneira, alguns sempre conseguem sobreviver.

By Jânio

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2 comentários:

tedioso.com disse...

Excelente matéria Janio. É bem por ai mesmo. Acrescentando que acho que o sucateamento do sistema de saúde tem a finalidade de valorizar o sistema pago. Porque pagar por um sistema de saúde se tivéssemos um público a altura! Não é mesmo?

Jãnio disse...

Olá Jacques:

Muito boa essa sua observação, lembrando o problema crônico de infraestrutura.

Para sabermos como vai ficar o sistema de saúde, basta avaliarmos outros setores que já foram monopolizados, como aconteceu com o setor de transporte.

Lembrei-me também de um médico que trabalhava com homeopatia, em minha cidade. A concorrência não gostou e ameaçou-o de morte e ele teve de sair da cidade.

ABS